Brasão

SANTUÁRIO BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA ABADIA

Arquidiocese de Uberaba-MG

Missionários Estigmatinos – Província São José

Praça Nossa Senhora da Abadia, 175

CEP: 38025-430 – Uberaba-MG

Fone: (34) 3322-7771

E-mail: santuariodabadia@bol.com.br

I

APRESENTAÇÃO DO SANTUÁRIO

Nação: Brasil

Arquidiocese: Uberaba-MG

Endereço eletrônico para correspondência (e-mail): santuariodabadia@bol.com.br

Atendimento de confissões e orientação espiritual:  de terça-feira a sábado, das 9h às 17h.

Secretaria: De domingo a domingo das 7h às 21h.                                       

Reitor/Pároco: Pe. Alexsandro Ribeiro Nunes, CSS

1. Nome da Igreja

Jurídico: Paróquia Santuário Nossa Senhora da Abadia. Vulgar ou conhecida como Santuário D’Abadia.

2. Natureza da Igreja

2.1.1. Paroquial

Título da Paróquia: Paróquia Santuário Nossa Senhora da Abadia.

Número de fiéis residentes: 20.000 (vinte mil)

2.1.2. Santuário Arquidiocesano. Criado em 14/04/1987 por Dom Benedito de Ulhoa Vieira.

2.2 Está confiado

2.2.2 A uma Congregação Religiosa

Qual: Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo – Estigmatinos (Missionários Estigmatinos).

3. Descrição da Igreja

(De cada elemento abaixo descrito sejam apresentadas fotografias (em CD).

Ano da Construção: A primeira capela foi construída em 1881/1882; ampliada em 1899.

Criada Paróquia em 1921. A partir daí, com o crescente aumento da população, foram elaborados projetos para melhoria da construção e acolhida dos fiéis e dos romeiros. Verificadas muitas falhas nas estruturas e até nos alicerces, foi totalmente demolida e passou-se ao atual modelo (romano cisterciense) a partir de 1937. Pe. Angelo Pozzani – estigmatino – foi o grande batalhador, com a colaboração de perito em construções, Pe. José Tondin, também estigmatino, da edificação do atual Santuário, em forma de cruz e com 03 naves. A altura do pé direito da nave central é de 12 m e das naves laterais é de 6,80 mts. No cruzamento dos braços da cruz, está o altar mor, em plano mais elevado de 0,85 mts, e encimado por grande cúpula sustentada por 04 conjuntos de alvenaria e 08 colunas marmorizadas, roliças. O altar, granítico, é sustentado por 05 conjuntos de pilares graníticos e a mesa da celebração tem a seguinte dimensão: 3,03×1,36 e está a 1,03 do piso. O espaço celebrativo, ocupa uma área de 76,44 m2 (9,80×7,80), incluindo o ambão para a proclamação da palavra, em granito, as sedes para o celebrante e seus auxiliares, também em granito, em número de 05, protegidas por um gradil de granito. Entre as colunas laterais do espaço celebrativo, estão dispostas 20 banquetas, estofadas, para os MECE e acólitos.

Os vitrais do corpo da igreja, todos multicoloridos e artísticos representam os 15 mistérios do Santo Rosário (o Papa São João Paulo II não havia ainda introduzido os novos mistérios). Hoje, eles já estão representados em uma capela, anexa ao Santuário, e dedicada a Santa Edwiges, São Judas Tadeu e Santo Expedito. No recinto do Santuário, além do grande crucifixo, dependurado sobre o altar mor por duas correntes, veneram-se as seguintes imagens: ao fundo da nave central, após a área celebrativa, foi construído, na passagem do milênio, um altar-trono, para a linda imagem da Senhora D’Abadia, em granito “rojo-alicante”. No final dos “braços” da cruz, à direita, encontra-se a capela do Santíssimo com o sacrário em granito, que anteriormente estava sobre o altar mor. Em nicho, ao fundo, está muito bela imagem do Sagrado Coração de Jesus e aos lados, em dois nichos, São Benedito e Santa Luzia. À esquerda há um pequeno altar, em granito, afastado da parede de fundo; nas paredes, outros 03 nichos, semelhantes aos do outro lado, com as imagens: no centro, a primitiva imagem de Nossa Senhora das Dores, que estava na capela da Santa Casa (desativada) e nas laterais as imagens de São José e de São Gaspar Bertoni, o fundador de nossa família religiosa, a Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Provisoriamente, está sobre o pequeno altar, uma imagem de São Peregrino. A pia batismal, está no centro desta segunda capela. Ressalte-se a presença, ainda, nestes dois ambientes laterais, de antigas “mesas de comunhão”, em granito. No recinto do templo, encontram-se ainda: um pequeno nicho, embutido na parede lateral, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, um fac-símile da original, protegido por um vidro blindex. Na parede da entrada, de um lado e outro da entrada principal, estão as imagens de São Sebastião e Santo Antônio de Pádua, em suportes de gesso, fixados às falsas colunas do coro, além de duas pias para água benta.

Nas paredes laterais do corpo do Santuário, entre os vitrais e em duas colunas abaixo do coro, estão colocadas as 14 estações da Via Sacra, em quadro de 0,65×0,40, de gesso, em alto relevo. Sendo Uberaba uma cidade de clima tropical, 20 ventiladores estão distribuídos ao longo das naves, no coro e na área celebrativa. Existem, também, 18 colunas de som.

A fachada monumental de 14,60 m de altura por 18,80 m de largura tem como elementos de destaque: uma rosácea com 03 metros de diâmetro emoldurada por cinco arcos concêntricos, de cores diversas, ornada por vitral multicolorido, ocupa grande parte do frontal central, filtrando suave luminosidade no coro do Santuário, pois está voltada para o poente. Bem acima da rosácea uma série de 12 colunas (os apóstolos) sustenta a cimalha central. Os dois frontais laterais são ornados com bíforas com colunas retorcidas também com vitrais multicores. As três grandes portas que dão entrada para o Santuário, são em madeira de lei e estão encimadas por medalhões representando, à esquerda: Jesus e símbolos eucarísticos, ao centro: a Sagrada Família e, à direita: Santo Antônio. Entre estas portas, dois pequenos vitrais com a representação do batismo de Jesus e de Santa Cecília com a arpa. No alto da cimalha central estão dois anjos com as cornetas e, ao centro, a cruz redentora. Sobre as últimas colunas, estão as imagens de São Pedro e São Paulo.

Ao fundo do Santuário, na parte esquerda, eleva-se a grande torre campanário, construída entre os anos 1938 e 1940, enriquecida com um carrilhão de 04 sinos (o maior) pesando 798 quilos e o menor (acrescentado na passagem do milênio) com 205 quilos, movidos eletronicamente. Coroando o campanário: a majestosa imagem de Nossa Senhora D’Abadia que com seus quatro metros de altura da torre, abençoa os devotos e toda a cidade de Uberaba, da qual é Padroeira Oficial, conforme decreto municipal, datado de 15/08/2008 sob o nº 10196.

No decorrer dos anos 1990 a 2001 foram anexadas outras construções necessárias para o bom atendimento aos devotos e a quantos necessitavam de uma orientação espiritual, da recepção dos sacramentos, particularmente do batismo, e do matrimônio, da participação nas novenas, nos ritos penitenciais, nas celebrações de formaturas e outras circunstâncias particulares. Em primeiro lugar, uma necessidade que se tornou evidente, foi a conclusão do que havia sido iniciado um ano antes e paralisado, por carência de recursos financeiros: a continuidade das obras interrompidas: parte administrativa, salão social e para encontros. Concluídas tais obras, poder-se-ia pensar, concretamente, em uma reforma total do interior do Santuário que se degradara muito no decorrer do tempo de uso e uma acomodação com o que já havia sido feito com muita coragem e determinação. Mãos à obra, foi o lema do momento. Pensamento fixo na passagem do milênio, que se aproximava velozmente…

Dia 24/06/1996 é constituída uma equipe de trabalhos, denominada “Equipe de reformas” composta de: Pároco, Dra. Maria Natalina Della Libera, Dr. Fernando dos Santos, Marcio Salge, José Eustáquio, Dr. José Maria Barra e Marcos. Objetivo primordial: restaurar o Santuário (piso, bancos, sistema de iluminação, som, pintura interna e externa e etc. No livro de Tombo III consta nome da pessoa que, sozinha, conseguiu benfeitores que doassem os 112 bancos, em imbuia, que compusessem o ambiente devocional do Santuário. Em 20/12/96 foi dado o “sinal” para a aquisição do material para o piso. No dia 27/12/96 se apresenta o marmorista a fim de formalizar o trabalho de restauração. Nas celebrações é determinado que dia dos Santos Reis, após a última Missa, será fechado o Santuário e todas as cerimônias serão realizadas no salão paroquial. Após dois meses de muito quebrar e demolir, iniciamos a concretagem do contra piso e, a seguir, o assentamento do granito no piso e nas paredes. Transcrevemos agora, o que está registrado, no livro do Tombo, no dia 27 de julho e seguintes: “Dia de correria e retoques finais da parte interna do Santuário pois está marcada a reinauguração, do mesmo, para o dia 30/07/1998. Pintores, eletricistas, serralheiros e pedreiros se misturam com um generoso grupo de voluntárias que está firme na lavação e limpeza de tudo. Vamos deixar tudo brilhando para que a Mãe D’Abadia possa retornar ao seu trono, com todo o esplendor. Realmente, tudo foi executado com o maior capricho e sem olhar para o preço do que era indispensável; escolheu-se sempre o que havia de melhor, seja em termos de profissionais, seja no tocante ao material adquirido e utilizado. O nosso lema sempre foi, como o fora para o fundador São Gaspar Bertoni: “para Deus (e para Maria) sempre o melhor”.

No dia 26 de agosto de 1999, iniciamos a reprodução do quadro do excelente pintor Rafael Sanzio, na parede lateral, próxima à sacristia, representando os esponsais de Maria Santíssima e São José, Patronos de nossa Congregação Estigmatina. O jovem André Bazaga, filho de Uberaba, realizou o trabalho de reprodução graciosamente. Que os Santos Esposos o abençoe e faça dele excelente profissional. A cópia ficou ótima. Dia 13/12/99 são colocadas duas cópias da Santa Ceia, de Leonardo da Vinci, no anel inferior da cúpula. Agrado total. Completou-se, assim, o simbolismo eucarístico e marial do espaço celebrativo: o céu azul, pontilhado de estrelas coroando a Virgem do Apocalipse e mais a Ceia Eucarística de Jesus.

No dia 12/09/2000 fechado o contrato para confecção do gradil para o isolamento de toda a frente do Santuário com aproximadamente 120m de comprimento por 3,5m de altura. Dia 20/10/2000, fechado contrato para confecção do 4º sino compondo o carrilhão da torre. O sino pesará 205 quilos e comporá o acorde melódico do conjunto, tocando em dó.

Dia 23/10/2000 ultimadas as tratativas com o SENAI, para a pintura externa do Santuário. É a etapa derradeira da reforma! Ao final, tivemos que contratar um outro grupo de pintores, experientes, para respeitar o compromisso com a comunidade e encerrássemos com brilhantismo a empreitada. Entramos no 2001 com tudo concretizado e, sem dívidas… graças à competência e pertinácia da “Equipe da Reforma do Santuário.

Graças sejam dadas a Deus Uno e Trino!

II

RESUMO HISTÓRICO DO SANTUÁRIO E PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA ABADIA EM UBERABA-MG

Após a missa dominical de um dos últimos domingos do mês de maio de 1881, celebrada na Igreja Matriz, pelo Cônego Carlos José dos Santos, Vigário da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião, de Uberaba, o Capitão Eduardo José de Alvarenga Formiga, que a ouvira, de regresso à sua casa, ao passar pela porta do Major Ananias Ferreira de Andrade, deteve o passo e disse àquele Major, que tinha ao lado sua esposa: compadre Ananias, nós precisamos ter também a nossa igreja neste alto. Há tempo imaginei por ombros à construção de uma capelinha dedicada a Nossa Senhora D’Abadia no Alto da Misericórdia.

Antes desejo saber se vocês concordam comigo. _ Magnífica ideia. Mãos à obra, responderam ambos, ao mesmo tempo, e o Major Ananias, satisfeito concluiu: conte comigo para isto. A seguir, o Capitão Formiga, se fazendo, daí por diante, provedor das obras da capela, conseguiu que a Câmara Municipal se reunisse em sessão extraordinária, no dia 04 de junho seguinte, para tomar conhecimento de seu pedido de licença para construir a referida capela.

Aos 11 de agosto seguinte, a Câmara, em ordem do dia da respectiva sessão, por “parecer da comissão fiscal, concede a Eduardo José de Alvarenga Formiga, como procurador das obras da capela de Nossa Senhora D’Abadia de Uberaba, licença para construir a mesma no Alto da Misericórdia, num terreno devoluto de 500 palmos de frente por 600 de fundo e mais 100 contíguos para uma casa que sirva de depósito de materiais, devendo se proceder a demarcação com a assistência do fiscal e armadores”.

Na manhã seguinte o Sr. Capitão Formiga, o Major Ananias Ferreira de Andrade e outras pessoas, com os encarregados da Câmara, marcaram o terreno concedido ao primeiro, para o objetivo em vista. Quatro dias depois – precisamente a 15 de agosto – Consagrado a Nossa Senhora D’Abadia – o Cônego Santos celebrou a primeira missa no local da futura capela, benzendo, então, o cruzeiro que, em ato continuo, aí se alevantou, e ainda lá está, por voto feito pelos senhores João Raimundo, João Bernardes, Francisco Ferreira de Oliveira e José Francisco de Oliveira. Estiveram presentes ao ato os irmãos Padres Francisco e Mariano Inácio de Souza. As obras iniciaram-se na semana imediata à do requerimento do Capitão Formiga.

No ano seguinte, a 15 de agosto, realizava-se a primeira festa em honra de N. S. D’Abadia, cuja imagem foi benta às 4 horas da tarde de domingo, 9 de abril antecedente, na capela de N. S. das Dores da Santa Casa de Misericórdia de onde, em procissão, foi conduzida à Igreja Matriz, aí ficando depositada até agosto próximo, quando a nova capela estará já em condição de prestar-se, como se prestou, à realização da primeira festa em homenagem à Santa Padroeira.

Antes mesmo que a imagem de N. S. D’Abadia chegasse à sua capela, longe corre já a notícia de um fato singular atribuído à milagrosa intervenção da Santa. A nova capela, edificando-se numa das colinas mais elevadas a falta d’água da cidade, veio por em foco a necessidade de se prover o local do indispensável líquido. E como consegui-lo, naquele alto onde tudo indicava um extenso trato de terra sangrada? Não foi, por isso, pequeno receio do Capitão Formiga, mandando abrir, a menos de 10 palmos, ao lado esquerdo do cruzeiro – em frente à futura capela uma cisterna de boca larga… Ao se aprofundar pouco, começou a jorrar água em quantidade tal, que dava até para tocar monjolo. Foi mister, para não se esparramarem as águas, pelos lados do poço, que se fizesse uma vala do lado de baixo, por onde as mesmas se encaminharam. A notícia desta singular ocorrência, circulando célebre por todas as partes, trazia, de remotas regiões, numerosas pessoas de todas as classes sociais, que vinham, in loco, para colher daquela água, cujas virtudes medicinais se atribuíram a um milagre operado pela Santa.

A fama da “água milagrosa” passou a ser o assunto de toda gente, e a prova da asserção está em um documento, firmado em 24 de fevereiro de 1882 pelo Dr. Manoel Clemente Pereira, inserto na “Gazeta de Uberaba” de 28 do mesmo, com o título: Cura de reumatismo.

Mas, se uns usavam as águas com respeito, outros abusavam, desrespeitosamente, pois um indivíduo, atacado de moléstia venérea, foi, certa alta madrugada, tomar banho dentro daquela cisterna. É, coisa singular, a partir daquele dia as águas secaram completamente!! O poço lá ficou, por muito tempo ainda, com a boca escancarada, sem um pingo de água! Sendo, a final, entupido com terra. O estranho fato repercutiu longe atraindo a Uberaba, naquele ano, por ocasião da festa, celebrada em honra da gloriosa Santa, extraordinário concurso de fiéis, em número superior a três vezes a população da cidade que então contava cerca de quatro mil almas. _ (ver “Lavoura e Comércio” do dia 10 de junho de 1935 – artigo “Reminiscências”… do Prof. Hildebrando Pontes.)

O Sr. Capitão Domingos continuou zelando o Santuário Nossa Senhora D’Abadia enquanto o número de romeiros ia aumentando sempre mais e com os devotos também aumentavam as ofertas e os donativos. Ele chamava ora este, ora aquele sacerdote para o serviço religioso, mas da administração do Santuário não queria dar contas a ninguém. Por isso, depois de vários convites e ameaças, o Bispo, por meio do Vigário, lançava o interdito sobre a igreja de N. S. D’Abadia. O Sr. Formiga, tendo levado para sua casa a imagem de N. Sra. continuava com as novenas e procissões dos devotos. Então tratou-se de liquidar o caso em forma judiciária e o tribunal, no dia 20 de novembro de 1898 deu sentença favorável à Cúria com a intimação ao Sr. Formiga de fazer a entrega de tudo à mesma. Este, consternado também por desastre em família, de mortes de filhos e da mulher, acabou por entregar nas mãos do Revmo. Vigário, as chaves do Santuário.

Em seguida, no ano de 1889 a igreja foi entregue aos Padres Agostinianos Recoletos, prófugos das Filipinas. Estes trabalharam para a construção de uma igreja maior e, atrás, levantaram pequena casa de moradia. Em 1915, foram retirados, pelos Superiores da Ordem, de Uberaba e da Diocese, e o Santuário teve como Capelão o Cônego Cesar Borges. O Sr. Cônego Cesar trabalhou para o Santuário e construiu, perto da casa dos Agostinianos, outra maior e mais conveniente para si e para família. Com provisão de 14 de agosto de 1921, foi o dito nomeado pároco da freguesia de N. S. D’Abadia, desmembrada da Paróquia de São Sebastião e Santo Antônio, com decreto de D. Eduardo Duarte e Silva, Bispo de Uberaba, do dia 16 de julho de 1921, dia de Nossa Senhora do Carmo.

O Cônego Cesar Borges sendo transferido para Araguari, no dia 1º de julho de 1928, lhe sucede o Pe. Henrique Isquierdo Oliver. No dia 15 de dezembro de 1929, volta o Cônego Cesar Borges que, depois de ter trabalhado com muita edificação dos fiéis, morre no dia 3 de janeiro de 1933.

Depois de uma breve interrupção, na qual vários sacerdotes e especialmente o Cônego Joaquim Thiago, vinham celebrar Missas e fazer outras funções paroquiais, no dia 2 de julho de 1933 voltou o bom e amável Pe. Henrique Oliver o qual exerceu o paroquiato até o dia 24 de março de 1935.

O Exmo. Sr. Bispo D. Frei Luiz Maria de Sant’Ana desejando colocar sobre o Alto da Abadia um Instituto Religioso para melhor assistência do Santuário, progresso da Paróquia e o bem da cidade, convidou os Padres dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo os quais, aceitando o convite, vieram para Uberaba. O Senhor Bispo confiou a Paróquia “pleno jure” à Congregação dos mesmos e, no dia 24 de março de 1935, pessoalmente, dava a posse do Santuário e da Paróquia aos Padres Albino Sella e João Consolaro, que representavam a Congregação e ficaram, o primeiro com a provisão e o cargo de Vigário e o segundo com aquela de coadjutor.

III

A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA ABADIA

Qual a origem da devoção a Nossa Senhora da Abadia?

Desde tempos antigos no território de Algarves (Portugal) em um Vilarejo, onde existia uma abadia de monges solitários, era venerada, com muito fervor, uma imagem de Nossa Senhora; o povo a intitulara: Nossa Senhora da Abadia.

Pouco depois da metade do Século XVIII, um cidadão português que viera para o Brasil, como acontecia com muitos outros, se dedicara à busca de minas de ouro, penetrando até o coração de Goiás, um dos Estados mais centrais e ricos em metais preciosos.

Fixou sua moradia vizinha a um local intitulado São Tomé do Muquém. As areias de um pequeno riacho, dali vizinho, não lhe foram avaras e logo começou a enriquecer. Naqueles tempos, quem encontrasse locais ricos em ouro, deviam comunicar ao governo português que imediatamente, lançava taxas muito pesadas. O velho português, foi logo denunciado por não haver comunicado ao juiz a existência de terras auríferas em sua propriedade. O pobre homem veio a saber, um dia, que uma comissão do governo estaria se deslocando para surpreender o clandestino catador de ouro.

Conhecedor dos costumes da época e o rigor das leis, julgou-se perdido e já se preparava para a morte. No desespero recordou-se da Nossa Senhora venerada na igreja abacial de sua terra que, não deixava de atender a ninguém que a ela recorresse com fé. Rezou e, cheio de confiança, prometeu de construir, na pequena igreja de São Tomé do Muquém um altar onde colocaria uma imagem, cópia daquela de Nossa Senhora da Abadia de sua cidadezinha, se conseguisse escapar das malhas da justiça.

Poucas horas após, via chegar uma comitiva de homens a cavalo que apearam diante de sua casa. Intimado imediatamente a indicar o local onde ele, contrariando às leis, extraia ouro. Ele os levou ao local de seu trabalho. Examinaram bem o riacho, as pedras, as areias… mas não encontraram mais que simples indícios, nenhuma prova suficiente para condená-lo. Após tal exame, a comissão foi-se embora, e o português foi deixado em paz. Ele não se ocupou mais de exploração. Livre do processo e das terríveis penas ameaçadas, cumprindo o prometido, encomendou de Portugal uma imagem de N. S. D’Abadia, enquanto se preparava um belo altar que devia acolhe-la, na igreja de São Tomé.

Iniciaram-se então, as peregrinações de todas as partes de Goiás e das regiões próximas, superando as dificuldades das enormes distâncias e da escassez de meios de transporte. Por ocasião da festa anual (15 de agosto) ainda hoje, milhares e milhares de carros, puxados por 4, 6, 8 juntas de bois, transportando inteiras famílias, com utensílios, chegam a Muquém, após semanas de viagem. Aqui, a céu aberto, aram barracas, fazem cabanas com folhas de coqueiros e permanecem dias para cumprirem as promessas à Nossa Senhora D’Abadia. Para muitos, é a única vez ao ano, que veem o sacerdote e assistem a Santa Missa. Não são raros os casos em que após cumprir as promessas, doam tudo ao Santuário: carro, bois, utensílios… e voltam a pé, levando consigo só um saco, com alguma roupa.

Pela metade do Século XIX, os peregrinos de Minas e particularmente do, assim chamado, Triângulo, para cumprir seus deveres devocionais com menor incômodo, julgaram por bem honrar a imagem milagrosa construindo igrejas a ela dedicadas em várias cidades, como: Água Suja, Dourados, Uberaba. Dentre estes, o que atrai mais fiéis é o de Água Suja (a aproximadamente 250 km de Uberaba) entregue aos cuidados da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria da Província Holandesa.

O nosso, de Uberaba, nestes últimos anos, perdeu muito no número dos frequentadores e nas oferendas por causa das guerras, das crises econômicas e da assistência religiosa bastante fragmentada. Mas, graças a Deus, na apreciação de todos, houve uma melhoria geral neste ano de 1935; o número de fiéis aumentou em todos os dias da novena solene; uma hora antes das funções da tarde, a igreja já estava cheia de pessoas vindas lá da cidade; eram vistas senhoras dedicadas, com verdadeiro espírito de fé e penitência; muitas e muitas pessoas simples e da zona rural que em sua ingênua simplicidade e confiança em Nossa Senhora se manifestavam de maneira provocar risos e edificação ao mesmo tempo.

A festa (15 de agosto) viu toda a grande praça formigar de gente. Na procissão da tarde, apesar da poeira da rua que se levantava sujasse tudo e todos, tomaram parte ativa mais de dez mil pessoas. No início, tentou-se colocar um pouco de ordem… dois a dois, quatro a quatro… mas, impossível!… foi preciso deixar à vontade o grande caudal humano que desejava acompanhar e seguir a grande Benfeitora, Mãe e Rainha!… Também neste ano, uma mesa colocada fora da mesa de comunhão, ficou coberta de ex votos representando braços, pernas, cabeças feitas de cera, imagenzinhas, quadrinhos, retratos, etc… etc…

Pe. Albino Sella (traduzido da Revista “Il Bertoniano”. Periódico mensal reservado aos Estigmatinos – 15/11/1935).